Os melhores álbuns Country de 2017


O ano de 2017 foi uma cópia de 2016 em vários aspectos, o Chris Stapleton continuou dominando as paradas Country com "Traveller" e seus novos lançamentos, "From A Room: Volume 1" e "From A Room: Volume 2", Jason Isbell e Sturgill Simpson continuam liderando o movimento underground, conhecemos novos bons nomes como Angaleena Presley, Natalie Hemby, Zephaniah O'Hora, Jaime Wyatt, Colter Wall, Porter Union, Tyler Childers, Sarah Shook & the Disarmers, The Steel Woods e Chris Shiflett, e alguns velhos conhecidos voltaram com tudo, entre eles vale destacar o incansável Willie Nelson, Josh Abbott Band, Turnpike Troubadours, Aaron Watson, Charley Pride, Marty Stuart, Chris Hillman, John Mellencamp, Zac Brown Band e Hellbound Glory.

Listas são extremamente pessoais, não sigo critérios muito rígidos para classificar os álbuns, só classifico eles na ordem dos que mais gostei. Tenho certeza que sentirão falta de alguns álbuns nessa lista, mas não se preocupem, eles devem estar na lista de melhores álbuns de Americana, que reúne álbuns que extrapolam as fronteiras do Country. Por fim, não deixem de seguir a playlist dessa lista no Spotify, lá vocês irão encontrar muito mais que 50 álbuns.

1. Josh Abbott Band - Until My Voice Goes Out

Foi por causa da Josh Abbott Band que mergulhei fundo na cena Country texana e nunca mais voltei a superfície. "Small Town Family Dream" de 2012 é um dos meus álbuns preferidos da década, mas seu sucessor, "Front Row Seat", foi uma facada no coração, que só não doeu mais que "JEKYLL + HYDE" da Zac Brown Band.

Dois anos se passaram e fiquei sem saber o esperar quando escutei "Texas Women, Tennessee Whiskey", primeiro single desse álbum, a faixa era diferente de tudo que já tinha escutado da banda, o Country ainda é dominante, mas não esperava escutar instrumentos de sopro tão magníficos. Eu estava sem ânimo para escutar esse álbum, mas essa faixa mudou tudo. Eu realmente não sei o que dizer, escutar esse álbum foi muito agradável, é o retorno de uma das minhas bandas preferidas a um tipo de som que coloca ela no seu devido lugar, na vanguarda, na linha de frente daquilo que chamamos de boa música.

Pirei desde o início com a instrumental "Prelude: An Apprecation of Life" e "Until My Voice Goes Out", que emenda na primeira e começa com um banjo matador. "I'm Your Only Flaw" é a música perfeita sobre a mulher quase perfeita, cuja única imperfeição é o homem que a ama. "Girl Down In Texas" e "Whiskey, Tango Foxtrot" me fizeram lembrar daquela banda que me fez mergulhar na cena texana anos atrás. 

"Ain't My Daddy’s Town" não é minha faixa preferida, mas é a melhor história. Charles Abbott, pai do Josh, sofreu um AVC no dia 9 de fevereiro, duas semanas antes das gravações do álbum começarem. A banda foi gravar seus instrumentos, mas Josh ficou com seu pai, que morreu menos de um mês depois. A faixa foi escrita antes disso tudo acontecer e entrou no álbum como uma homenagem. A faixa foi gravada em um take e é o momento mais emocionante do álbum, você sente isso na voz do Josh.

2. Angaleena Presley - Wrangled

Os fãs da Miranda Lambert que me perdoem, mas a melhor coisa que ela fez nos últimos anos foi criar o trio Pistol Annies, composto por ela, Ashley Monroe e Angaleena Presley, a desconhecida do trio e grande revelação. A estreia da Angaleena, "American Middle Class", foi aclamada pela crítica em 2014 e "Wrangled" também está recebendo muitos elogios. Meses atrás escutei a faixa "Country" e criei uma enorme resistência para escutar o resto, tudo graças a presença do rapper Yelawolf. Não tentei entender o contexto, isso acontece de vez em quando, não percebi que "Country" é uma paródia do estilo, das tendências do momento, o que inclui o rap. No começo de julho voltei, escutei "Dreams Don't Come True" e fui fisgado. "Wrangled" é sensacional em todos os sentidos. Boa parte das canções foram escritas pela Angaleena, mas em algumas ela contou com a ajuda da Miranda Lambert, Ashley Monroe, Chris Stapleton, Guy Clark e Wanda Jackson, grandes nomes da Country Music do passado e da atualidade. A voz da Angaleena é perfeita e o álbum não foge em momento nenhum do Country tradicional. Do trio Pistol Annies a Angaleena Presley é a menos conhecida, mas não se enganem, das três ela é a mais talentosa e ainda é um diamante bruto. Se você não acredita em mim, escutei seus dois álbuns.

3. Turnpike Troubadours - A Long Way From Your Heart

Não acredito na tal fórmula do sucesso na música, mas os caras da Turnpike Troubadours conseguiram criar um som que se aproxima muito da perfeição. Suas músicas não são complexas, a musicalidade é contagiante e as composições do Evan Felker são um espetáculo a parte, é um dos meus compositores preferidos na atualidade. Falando em Evan, a voz desse cara é uma das mais bonitas da Country Music. A Turnpike Troubadours está níveis acima das demais bandas, é quase inquestionável, poucos ousam apontar defeitos no som que seus músicos fazem, mas isso não aconteceu do dia para a noite. Mesmo sendo independente, a Turnpike conseguiu derrubar o muro que separa o underground do mainstream, mas ao contrário da maioria das bandas que conseguem esse feito, Evan e Cia. não abandonaram suas raízes. "A Long Way From Your Heart" não tem singles tão acessíveis como em "Diamonds & Gasoline" ou "Goodbye Normal Street", não existe "A Faixa" do álbum, o conjunto prevalece e melhora a cada play. Hoje é impossível não afirmar que a Turnpike Troubadours é a melhor banda Country da atualidade, não é a mais popular, mas é a mais consistente, contagiante e promissora. Não sei vocês, mas o caminho dessas músicas para meu coração foi bem curto.

4. Margo Price - All American Made

Quando escutei o EP "Weakness" em julho, disse que "a Margo Price é uma das melhores coisas que aconteceram na Country Music em muitos anos", e reafirmo o que disse. "All American Made" continua na pegada dos outros lançamentos da Margo, o Country é a base, mas ela não fica presa ao estilo, você vai escutar Tex-Mex em "Pay Gap", uma puta crítica ao sexismo, Funk em "Cocaine Cowboys", e um pouco de Rockabilly em "Don't Say It", mas o Country sempre está presente nas canções. Sua voz está cada dia melhor, ela parece mais confiante, o que é perceptível em músicas como "Little Pain", "Weakness" e "Learning To Lose", que tem um dueto simplesmente fantástico com o Willie Nelson, o melhor que o Velho fez nos últimos anos. A Margo Price é um dos grandes nomes da Country Music na atualidade, no começo de 2016 ela era uma desconhecida, hoje faz grandes turnês, toca nos principais festivais e a mídia exalta seu trabalho, mas ela ainda não chegou no lugar que é seu de direito, talvez nunca chegue, são muitas barreiras para ultrapassar, muitos preconceitos a serem vencidos, seja por ela ser uma mulher na Country Music ou por ser uma tradicionalista. Eu torço para que ela continue crescendo, nós fãs necessitamos de mais cantoras como ela, a Country Music precisa disso.

5. Natalie Hemby - Puxico

Nos últimos anos muitos compositores de sucesso decidiram apostar em uma carreira solo, Chris Stapleton e Lori McKenna são alguns exemplos mais bem sucedidos, e agora é a vez da Natalie Hemby iniciar sua carreira. A compositora de 39 anos já escreveu/co-escreveu diversos sucessos para artistas como LeeAnn Womack, Eli Young Band, Miranda Lambert, Carrie Underwood, Kelly Clarkson, Little Big Town, Sheryl Crow, Toby Keith, Lady Antebellum, Keith Urban, Blake Shelton, Kacey Musgraves e muitos outros. Quase todos os artistas citados são ligados ao Country Pop, mas não se engane, a Natalie escolheu um outro caminho, o Country tradicional. O título do álbum, "Puxico", não foi escolhido aleatoriamente, esse é o nome da sua cidade natal, localizada nos estado do Missouri. Assim como foi o álbum da Brandy Clark e do BJ Barham, "Puxico" retrata como é a vida em uma pequena cidade do interior americano. Natalie fala dos seus lugares favoritos, do povo e das suas histórias, fazendo desse um álbum extremamente pessoal e que não foi feito para ser ter suas composições regravadas por outros. Espero que esse álbum não seja uma aventura da Natalie Hemby, torço para que ela se anime com tantas críticas positivas e leve sua carreira musical adiante.

6. Tyler Childers - Purgatory

O Tyler Childers é apenas mais um músico Country que passou por maus bocados até ganhar a atenção que merece. O músico do Kentucky escreve e toca desde muito novo, mas só agora, aos 27 anos, está recebendo atenção por parte da mídia e dos fãs, grande parte por causa do seu padrinho musical famoso, um tal de Sturgill Simpson. Tyler e Sturgill nasceram e foram criadas em cidades próximas, então não deve ter sido muito difícil o Sturgill ter conhecido o Tyler e visto todo seu talento. "Purgatory", que foi co-produzido pelo Sturgill Simpson e David Ferguson, é o segundo álbum do Tyler Childers, que lançou em 2011 "Bottles & Bibles" e não foi notado por quase ninguém, e mostra todo o potencial desse jovem cantor e compositor. Tirando a faixa-título, que um belo Bluegrass, e "Universal Sound", que é um Country Pop e que achei um deslize, o álbum é composto por ótimas faixas Country, mas sem nenhum grande hit, não falo de faixas para as rádios, mas de uma que você irá lembrar no futuro quando ouvir/ler sobre o Tyler. A força de "Purgatory" não reside em uma faixa e sim no conjunto da obra, que é uma prova do talento do Tyler, forte o suficiente para colocar ele no grupo de artistas mais promissores da Country Music. Mesmo que o nome do Sturgill Simpson nos créditos do álbum pese muito, todos os créditos devem ser dados ao Tyler, ao Sturgill só devemos agradecer por ter dado espaço para mais um ótimo músico. 

7. Zephaniah O'Hora - This Highway

Em "This Highway", Zephaniah nos presenteia com um Country calcado na sonoridade dominante em Nashville nos anos 60 e início dos 70, o Bakersfield Sound e o Countrypolitan, algo impossível de se imaginar naquela época. Para quem conhece a história da Country Music, sabe que esses estilos eram opostos e disputavam o espaço nas rádios. O Bakersfield Sound era amado pelos tradicionalistas e o Countrypolitan conseguia agradar um público maior, por era considerado um absurdo, uma traição pelos tradicionalistas da época, era o Country pop da época. Hoje o Countrypolitan, assim como o som de Bakersfield, faz parte do underground e a muito tempo caiu nas graças dos tradicionalistas contemporâneos. Quando terminei de escutar "This Highway", foi impossível não comparar esse álbum com "Come Cry with Me" do Daniel Romano. Apesar de amar esse petardo do Daniel Romano, tenho que admitir que o Zephaniah é um vocalista melhor e que sua banda fez um trabalho ainda mais sensacional. Como todos que fizeram essa comparação, espero que o Zephaniah não siga os passos do Daniel, que continue nessa pegada. A voz do Zephaniah é sensacional, as composições são atuais e sua banda é um espetáculo à parte. "This Highway" é totalmente clássico, não existe espaço para modernismos, e já nasceu um clássico moderno do estilo. 

8. Midland - On the Rocks

A Midland surgiu em 2016 como uma das grandes promessas da Country music e seu EP homônimo de estreia, impulsionado pelo single "Drinkin' Problem", foi massivamente elogiado pela mídia especializada e ganhou as rádios mainstream, muito disso graças ao apoio da sua gravadora, a famigerada Big Machine Records, ícone do Bro-Country. Curti demais o EP e suas cinco faixas encantaram até o fã mais xiita de Country music, mas fiquei desconfiado, com medo dessa banda ser uma tentativa da gravadora se aproveitar da ascensão do Country tradicional. Eis que "On The Rocks" é lançado. Logo de cara a banda mostra suas intenções e toda sua qualidade em "Lonely For You Only"; "Make a Little" tem aquele ritmo que te faz levantar e dançar um pouco, até me imaginei dançando Country Line Dance e fazendo outras coisas; "Drinkin' Problem" é faixa que abriu todas as portas para a banda, é o primeiro clássico do trio; "At Least You Cried" é uma típica faixa Country sobre o fim de um relacionamento. Eu tinha muito medo que a Midland se tornasse em algo como Easton Corbin e Scotty McCreery, músicos que começaram bem tradicionais e se perderam no caminho, mas depois de escutar "On The Rocks", tenho certeza que isso não acontecerá com a Midland. O talento desse trio não é fabricado, esse tipo de coisa não dá para criar artificialmente, esses caras são especiais e queimaram minha língua.

9. Whitney Rose - Rule 62

No começo do ano escrevi no review do EP "South Texas Suite" que a Whitney Rose era uma "vocalista em ascensão" e que "mais cedo ou mais tarde as pessoas irão prestar mais atenção no seu trabalho." Esse momento finalmente chegou. Uma vez chamei a Whitney de promessa, mas isso foi em 2015, época em que ela lançou "Heartbreaker of the Year" e ainda residia no Canadá, pouco mais de 2 anos se passaram ela a promessa se tornou uma realidade. Ela amadureceu muito como compositora e vocalista, parte disso era esperado, quem acompanha ela a mais tempo sabe do seu potencial, mas acredito que a mudança para o Texas, o contato com a cena local e a influência do Raul Malo (The Mavericks), devem ter ajudado nesse rápido amadurecimento. O Country que a Whitney faz não tem um padrão, cada música soa diferente, podemos escutar um pouco de Tex-Mex, Country-Folk, Country tradicional, progressivo e tem até Soul em "Can't Stop Shakin". As composições e a parte instrumental são maravilhosas, mas os vocais da Whitney roubam a cena. Eu achava que ela não poderia melhorar algo que já era bom, mas me enganei, ela conseguiu aprimorar sua voz e entrou definitivamente para o seleto grupo de grandes vocalistas Country da atualidade. Eu posso não ser o melhor escritor da face da Terra, mas sou bom demais "descobrir" músicos promissores antes da maioria, foi o que aconteceu com a Whitney Rose, que está no caminho certo para se tornar uma estrela da Country Music.

10. Willie Nelson - God's Problem Child

"God's Problem Child" foi lançado no dia que o Willie Nelson completou 84 anos de idade e 61 anos de carreira. o Velho não se cansa de impressionar o mundo com sua música. Sua voz dele continua impecável e inconfundível, não sei como ele consegue fazer isso. O álbum, que fala do envelhecimento, do amor e da perda de velhos amigos, prova que, aos 84 anos, a criança problemática é sábia, com alma clara como sempre. Em "Old Timer", Nelson canta sobre um velho olhando para trás em seus dias mais selvagens; "It Gets Easier" lida com a passagem do tempo e seu impacto nos relacionamentos e nossa própria psique; "A Woman's Love" é uma típica balada do Willie Nelson; "Still Not Dead" é irônica e fala das muitas vezes que ele acordou e descobriu que tinha morrido; A faixa-título, que conta com a participação do Leon Russell, Tony Joe White e Jamey Johnson, é mais temperamental e sombria; e o Willie não iria perder a chance de cutucar o Trump e fez isso muito bem em "Delete and Fast Forward": "Tivemos a chance de sermos brilhantes e voltamos a explodir", ele canta. "Então, apague e avance rápido, meu amigo." O álbum se encerra "He Won't Ever Be Gone", uma lindíssima homenagem ao Merle Haggard, que foi escrita pelo Gary Nicholson e conta com a participação do Ben Haggard, filho do Merle, nos backing vocals. Se você é um grande músico, não importa sua idade, você ainda será brilhante. Todos sabem que a saúde dele não é das melhores, mas eu não imagino o Willie Nelson anunciando sua aposentadoria, ele respira música, por isso acho que ele só irá se aposentar quando morrer, algo que espero que demore demais para acontecer.

11. Parker McCollum - Probably Wrong
12. Jason Eady - Jason Eady
13. Jaime Wyatt - Felony Blues
14. Sunny Sweeney - Trophy
15. Colter Wall - Colter Wall
16. Chris Stapleton - From a Room: Volume 1
17. Sam Outlaw - Tenderheart
18. Nikki Lane - Highway Queen
19. John Baumann - Proving Grounds
20. Porter Union - Porter Union
21. Bruce Robinson - Bruce Robinson & the Back Porch Band
22. Tony Jackson - Tony Jackson
23. Sarah Shook & the Disarmers - Sidelong
24. The Steel Woods - Straw in the Wind
25. Lilly Hiatt - Trinity Lane
26. Aaron Watson - Vaquero
27. Chris Shiflett - West Coast Town
28. Lillie Mae - Forever and Then Some
29. Radney Foster - For You to See the Stars
30. Charley Pride - Music in My Heart
31. Marty Stuart - Way Out West
32. Chris Hillman - Bidin' My Time
33. John Mellencamp - Sad Clowns & Hilbillies
34. Zac Brown Band - Welcome Home
35. Brandon Rhyder - Brandon Rhyder
36. Chris Stapleton - From A Room: Volume 2
37. Hellbound Glory - Pinball
38. Hogjaw - Way Down Yonder
39. Aaron Vance - My Own Way
40. The Whiskey Gentry - Dead Ringer
41. Bob Wayne - Bad Hombre
42. Liz Rose - Swimming Alone
43. The Sons of the Palomino - Sons of the Palomino
44. Dale Watson & Ray Benson - Dale & Ray
45. Jade Jackson - Gilded
46. The Soul Jacket - The Soul Jacket
47. South City Revival - South City Revival
48. Charley Crockett - Lil G.L's Honky Tonk Jubilee
49. Bobby Bare - Things Change
50. Kody West - Green
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