Lynyrd Skynyrd, Tedeschi Trucks Band e SWU - Um dia inesquecível!
Quando o Lynyrd Skynyrd foi anunciado como uma das bandas participantes da segunda edição do SWU, os ânimos se afloraram e por todos os lados se via, se lia a felicidade de centenas de fãs ansiosos por ver a banda ao vivo pela primeira vez no Brasil.
Eu comprei meu ingresso assim que saiu o anúncio oficial de que o Lynyrd Skynyrd estaria no festival e fiquei ainda mais animado pela presença da Tedeschi Trucks Band. Nessa postagem irei falar um pouco sobre tudo o que rolou em um dos dias mais maravilhosos da minha vida.
O festival
Os dias que antecederam o SWU foram sofríveis, a ansiedade de ver uma de suas bandas favoritas pela primeira vez é muito esquisita, mas acho que estou me acostumando com isso, pois tive que passar por isso no início do ano, quando vi pela primeira vez o Iced Earth.
Chegou o sábado, mochila arrumada, ingresso na mão, passagem confirmada, dinheiro na mão e ansiedade fora do controle, agora só tinha que ir para o aeroporto de Confins e de lá para Viracopos em Campinas, felizmente não houve nenhum contratempo. Chegando em Campinas liguei para o Pedro Gama, da banda The Outside Dog, e o mesmo me buscou no aeroporto. Almoçamos em um restaurante não muito bom e ficamos bem “putos” ao passarmos próximo a uma filial do Outback, mas ano que vem comemos lá, pois estava na hora de ir para o Parque Brasil 500, onde estava acontecendo o SWU.
Ao chegar na portaria me deparei com uma ótima organização na entrada, que sempre é uma confusão em grandes shows e festivais, mas me impressionei mesmo foi quando entrei no local do festival e me deparei com a estrutura gigantesca preparada para receber o público. Por todo o festival se via um bar, uma praça de alimentação, muita música e muitas outras atrações que deixaram o festival ainda mais bacana. Mas vamos ao show.
Tudo começou com o Zé Ramalho, aquele que ninguém queria ver mais que acabou animando demais o pequeno público que estava no palco Energia por volta das 15 horas. Mesmo antes de acabar o show do Zé Ramalho algo começou a preocupar: a chuva. Uma forte tempestade havia feito um belo estrago quando a estrutura do festival ainda estava sendo montada, então todos ficaram preocupados.
Estava na hora do show do Ultraje a Rigor, mas acabou não acontecendo, pois a chuva e o vento danificaram o palco Consciência, impossibilitando a realização do show. Atraso, essa era a palavra que nenhum dos fãs do Lynyrd Skynyrd queriam ouvir, afinal o show já era tarde e cada atraso piorava as coisas. Já que o show do Ultraje a Rigor não ia ser mais o segundo e como o palco Energia estava em ótimas condições, chegou a hora de assistir a Tedeschi Trucks Band.
Tedeschi Trucks Band – A surpresa do dia
A Tedeschi Trucks Band é uma banda nova composta por membros experientes e que tem arrancado ótimas críticas nos EUA com “Revelator”, um ótimo álbum que ainda não é muito conhecido no Brasil. Essa foi a oportunidade de ver ao vivo o Derek Trucks, o mais importante guitarrista de Blues da atualidade e um dos melhores do mundo e que ao lado de Warren Haynes no Allman Brothers, formam a melhor dupla de guitarristas da atualidade. Derek não decepcionou e mostrou porque é o melhor. A cada música era um solo, um slide, a cada música uma nova surpresa.
O setlist foi baseado no primeiro álbum da banda, músicas como "Don't Let me Slide", "Love Has Something Else to Say", "Come See About Me", "Learn How To Love", "Shelter", "Midnight in Harlem" e "Bound for Glory", e arrancaram elogios da platéia.
Os solos e jams foram frequentes e apareceram em todas as faixas e não apenas executados por Derek ou Susan, todos os 11 membros da banda tiveram seu espaço. Os solos de Derek e Susan eram de impressionar, Oteil era um show a parte, sorria, dançava, pulava e, o mais importante, toca demais. Mike Mattison (backing vocals, trabalha com Trucks desde 2002 e foi vocalista do Derek Trucks Band), Mark Rivers (backing vocals), Kofi Burbridge (flautista e tecladista, também integrante do Derek Trucks Band), os bateristas Tyler Greenwell e J.J. Johnson, o saxofonista Kebbi Williams, o trompetista Maurice Brown e o trombonista Saunders Sermons, são músicos acima da média, e cada um com seu solo arrancaram aplausos do público.
A cada faixa, a cada solo, a cada Jam, percebia nos rostos dos espectadores a satisfação de ver algo bom de verdade e mesmo não conhecendo a letra das faixas, encantavam e os elogios surgiam naturalmente. Logo após o término da magnífica Jam de "Bound for Glory", um dos espectadores, que depois descobri que toca em uma banda de Blues carioca chamada PitBlues, ficou maravilhado e soltou diversos elogios e isso veio de todos os lados.
"Uptight (Everything's Alright)", cover de Steve Wonder e "I Want to Take You Higher", cover de Sly and the Family Stone e "Everybody's Talkin' At Me", cover do Harry Nilsson, também foram tocadas.
A Tedeschi Trucks Band entrou no palco como uma banda pouco conhecida como conjunto, mas tendo em seus membros uma enorme carga de expectativa, mas saíram do palco ovacionados e com um número enorme de novos fãs. Um resultado justo para uma banda que merece muito mais prestígio.
Quando o show acabou e tudo estava sendo desmontado e as pessoas se dispersando para ver outros shows, foi frequente ouvir a frase: “Melhor que esse show só o do Lynyrd Skynyrd”!
Ultraje a Rigor, Chris Cornell, Duran Duran e Peter Gabriel.
Tortura, é a palavra que melhor define o pós-show da Tedeschi Trucks Band e a espera pelo show do Lynyrd Skynyrd. O Ultraje a Rigor fez um show super animado, mas não gostei muito das ofensas que estavam sendo soltas a cada música, todas para Peter Gabriel, mas só fui saber disso depois, pois todos estávamos achando que eram para o Chris Cornell, que também teve um show decepcionante.
Durante esses shows que citei acima, eu e o Jaisson, do Skynyrd Nation Brasil, ficamos rodando pelo festival e pudemos apreciar um pouco de tudo que estava disponível, Teve a tenda da Disney, tiramos umas fotos ao lado do Homem de Ferro e do Hulk, passeamos pela tenda dos Muppets, passamos pela tenda da Haineken, pela enorme garrafa de Coca Cola com um tobogã, os maravilhosos caminhões da Heineken, que faziam qualquer fã de cerveja babar. Era hora do Duran Duran, a hora estava cada mais próxima.
O show do Duran Duran foi muito animado, mas como conhecia apenas três músicas, a coisa ficou chata, mas posso dizer que foi o terceiro melhor da noite. Algumas cenas engraçadas aconteceram durante esse show. Eu e o Jaisson estávamos encostados em uma grade a frente de uma das torres que ficam na frente do palco. Toda hora vinha alguém e pedia licença, tiravam uma foto e saiam fora, fiquei curioso para saber o que eles tanto queriam tirar fotos. Quando olhei para trás vi a atriz Mariana Rios, aquela linda morena que já fez Malhação, e coloca linda nisso. E o que eu pensei? Vou tirar uma foto? Óbvio que não! Estava mais preocupado em rir um pouco de um cara que estava ao lado do Jaisson. O cara é tão fã do Duran Duran que chegava a babar e babava muito, deu para dar umas risadas, principalmente da cara de nojo do Jaisson.
Estar próximo do palco durante o show do Duran Duran era uma estratégia, pois assim que o show chegasse ao fim, os fãs da banda iriam sair e nós poderíamos chegar mais perto, mas havia um problema: todos os fãs do Lynyrd Skynyrd pensaram na mesma coisa! Fora que poucas pessoas saíram após o show do Duran Duran, mas mesmo assim conseguir ficar muito próximo do palco.
Quando o show do Peter Gabriel começou, já estávamos de saco cheio com ele, a ansiedade já tomava conta de todos os fãs do Lynyrd Skynyrd. A cada música tocada, a cada parte daquele discurso que não tinha fim, eram xingamentos, gritos de desanimo, gritos de “Skynyrd”, “Olê, olê, olê, Skynyrd Skynyrd”, todos típicos de fãs anciosos para ver a sua banda favorita pela primeira vez.
Não digo que o show do Peter Gabriel tenha sido ruim, não posso falar isso, pois não prestei atenção, só queria ver o show do Lynyrd Skynyrd! Eis então que finalmente acabou o show do Peter Gabriel, estava na hora do Lynyrd Skynyrd e foi impressionante ver a ansiedade estampada no rosto de todos que me rodeavam. Havia chegado a hora.
Lynyrd Skynyrd – Um show histórico
Desde o momento em que cheguei ao SWU, me impressionei com o número de pessoas com camisas do Lynyrd Skynyrd. Era uma certeza: somos a maioria! Para todos os lados se via uma camisa do Lynyrd Skynyrd, uma bandeira dos Confederados, motociclistas, chapéus a lá Van Zant e muito mais, a festa estava preparada para o show do Lynyrd Skynyrd, as outras atrações eram meros aquecimentos para o headliner do dia.
Ansiedade, ansiedade e mais ansiedade, mas finalmente havia chegado a hora, a hora em que sonhos se tornaram realidade, o Lynyrd Skynyrd estava no palco, ao vivo na nossa frente!
Quando a banda entrou tocando “Workin' For MCA”, já dava para perceber que todas as músicas seriam como ela, com a extrema participação do público. Logo depois foi a vez de “I Ain't The One”, um dos meus clássicos favoritos. Para aqueles que falam que o Lynyrd Skynyrd morreu em 1977, a música se seguiu provou o contrário. “Skynyrd Nation” foi recebida e cantada com muita empolgação por todos e nessa hora pode se perceber a alegria dos membros da banda, principalmente Johnny e Rickey, ao ver um enorme número de pessoas cantando a música e a cada vez que era dito “Skynyrd Nation”, era um sorriso que se via estampado no rosto de todos.
A banda continuo com mais um clássico absoluto, “What's Your Name”, seguida por “Down South Jukin” . Eis então que começou a ser tocada “That Smell”, uma das melhores faixas da banda e um dos melhores momentos do show.
Quando "I Got The Same Old Blues" de J.J. Cale começou a ser tocada fiquei sem acreditar, pois não esperava que eles tocassem essa faixa, uma das minhas favoritas do J.J. Cale e foi um momento muito bonito. “I Know a Little” teve um belo solo dos três guitarristas e foi a preparação para um dos clássicos absolutos do Lynyrd Skynyrd e do Southers Rock, era hora de “Simple Man”.
Com os dizeres “dedico essa música aos companheiros que estão no firmamento do rock, olhando e cuidando de nós”, Johnny Van Zant iniciou um dos momentos mais lindo do SWU. Juntamente com “Simple Man” veio a chuva, mas eu não vi uma pessoa que estava se preocupando com isso, todos estavam cantando a música em uníssono. A música foi uma homenagem a todos os integrantes da banda que morreram e as fotos mostradas no telão só deixaram o momento ainda mais emocionante.
“T For Texas”, cover de Jimmie Rodgers foi a música que se seguiu e não deixou os ânimos esfriarem e serviu de abertura para uma seqüência matadora.
“Gimme Three Steps” foi um presente para todos os presentes e foi mais uma cantada com extrema empolgação pelo público. “Call Me The Breeze”, outro cover de J.J. Cale e uma das minhas faixas favoritas do Lynyrd Skynyrd, foi muito bem recebida.
Infelizmente estava chegando ao fim, mas tínhamos certeza que o melhor ainda estava por vir e veio com “Sweet Home Alabama”. Nesse momento a loucura tomou conta de todos, eu já não ouvia mais a voz do Johnny de tão alto que a música era cantada pelos fãs, foi lindo. Agora vem a minha primeira crítica: o Neil Young participou do SWU no primeiro dia como um dos palestrantes do Fórum, uma grande má nota dos organizadores, que deveriam ter colocado ele para tocar e não para falar. Eu estava sonhando com ele subindo no palco e cantando “Sweet Home Alabama” ao lado do Lynyrd Skynyrd. Mas isso não aconteceu.
Ao término de “Sweet Home Alabama”, a banda saiu do palco e ai vem a minha segunda crítica: Para que fazer essa pausa? Isso é irritantes, todos sabem que eles irão voltar e tocar mais, isso me irrita em qualquer show. Mas na hora isso não fez diferença, pois todos os fãs estavam gritando o nome da banda e pedindo suas músicas favoritas.
Quando a banda voltou ao palco Johnny perguntou "qual canção vocês querem ouvir?". A resposta era óbvia e a foi respondida em uma só voz: “Free Bird”.
Eu queria ouvir todas as faixas da banda, mas “Free Bird” é especial, é a faixa mais linda e perfeita da banda e depois de ouvir ao vivo essa certeza é ainda maior. Ainda estou empolgado com a apresentação dessa faixa, pura empolgação, seja no refrão ou no longo solo da faixa. O público não parava de pular e cantar, os solos nos levaram ao paraíso e o refrão acabou com o que restava de nossas vozes, mas resumindo, esse foi o momento mais lindo do SWU. Teve um detalhe, que não sei se foi reparado por muitos, que marcou. Quando “Free Bird” começou a ser tocada apareceu no telão uma enorme águia e nas nuvens que a rodeavam estava escrito os nomes de todos os membros mortos da banda, mais uma linda homenagem.
Quando percebemos que o show havia terminado surgiu um misto de alegria, desanimo e mágoa. Alegria por ter visto a banda pela primeira vez, desanimo pelo fato do show ter acabado e mágoa por tantas músicas não terem sido tocadas. No fim todos estavam se abraçando, felizes por terem visto e ouvido o Lynyrd Skynyrd ao vivo pela primeira vez no Brasil. Não importa se no dia havia 20 mil pessoas a menos que no primeiro, o que seria bem pior sem o Lynyrd Skynyrd, não importa se o show não estava tão lotado quanto o do Black Eyed Peas, o que importou foi a energia que a banda mostrou no palco e isso se refletiu no público.
O show do Lynyrd Skynyrd foi o melhor do SWU, não é porque sou fã da banda, mas falo isso com um olhar crítico. Uma banda que nunca está na mídia e que leva a loucura um grande público, merece esse título. O Lynyrd Skynyrd é uma instituição, não é uma simples banda, o legado que os membros carregam é enorme e eles sabem disso.
Para quem não esteve presente no dia 13 de novembro de 2011 no SWU perdeu uma apresentação histórica, mas lhes dou uma certeza, essa não foi a última vez que eles pisaram em terras tupiniquins, foi apenas a primeira. Depois de uma recepção como essa,podem ter certeza de uma coisa:
O LYNYRD SKYNYRD VAI VOLTAR AO BRASIL E ISSO NÃO VAI DEMORAR!